sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

prelúdio a chega de saudade.

Comecei a escrever mas parei.
Não tem como fazer uma análise de Chega de Saudade sem antes falar um pouquinho da história da Bossa Nova. Mas bem pouquinho mesmo.

Há exatos 50 anos e 5 meses era lançado um compacto do violonista baiano João Gilberto que trazia a Chega de Saudade entre suas faixas. Ele já havia participado, tocando seu violão, uns meses antes no disco da Elizeth Cardoso, Canção do Amor Demais, que também já trazia a música, mas eu prefiro ficar do lado de que foi no LP de João que a bossa foi concebida, que a bossa foi definida.

Antes desse disco, era tocado muito o samba e o choro. Década de 30, 40. Esses gêneros pediam instrumentos de alto volume e dançantes como reco-reco, pandeiro, cavaquinho, surdo, cuíca e etc. Além dos instrumentos, os cantores desses gêneros também tinham essa característica do cantar alto, alegre, contagiante.

Em meados da década de 50, um grupo de jovens músicos e intelectuais costumavam se reunir no apartamento da cantora Nara Leão, em Copacabana. Eles queriam tocar o samba de outro jeito. Queriam algo mais moderno. O grupo contava com Carlinhos Lyra, Bôscoli, Menescal, Billy Blanco, Sérgio Ricardo, ..., e João Gilberto.
Esse novo método de sambar foi celebremente introduzido por João no seu disco Chega de Saudade.

Ele sintetizou toda aquela instrumentação do samba, que eu já comentei, em seu violão, acompanhado por uma bateria, um contra-baixo, piano e alguns instrumentos de sopro e arco. Tem-se agora um samba mais cool. O jazz americano da época (Cole Porter, Gershwin, Getz etc) também teve sua influência na experiência de Gilberto, cedendo acordes dissonantes, nonas, décima terceiras e primeiras com sustenidos e bemóis.

Instrumentação influenciada pelo jazz, acordes dissonantes, letras inteligentes, cantar baixinho...

...Eis a Bossa Nova.

Escrevi esse ultra resumo pra mostrar algumas informações necessárias pra análise de Chega de Saudade. Indico o documentário Coisa Mais Linda - Histórias e Casos da Bossa Nova, de Paulo Thiago, para maiores aprofundamentos. Riquíssimo de informações e é todo levado pelo Carlos Lyra e Roberto Menescal.

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